PLURAL: falácias, falácias e mais falácias

Redação do Diário

A coluna Plural desta quinta-feira (16) traz texto sobre o tema Direito e sociedade. Os textos da Plural são publicados diariamente na edição impressa do Diário de Santa Maria. A Plural conta com 24 colunistas.

Giorgio ForgiariniAdvogado

Silogismo: Expressão derivada do grego “syllogismos”, que significa “conclusão lógica”. Dá nome à teoria de Aristóteles segundo a qual, a partir de duas proposições, uma genérica e outra mais específica, se chega a uma conclusão lógica perfeita, um silogismo, ou uma “conclusão silogística”.

A título de exemplo: Se temos como premissa genérica que comida sem sal é ruim e, como premissa específica que a comida de Maria não tem sal, podemos concluir que a comida de Maria é ruim, mesmo sem necessariamente ter provado a comida de Maria.

Porém, nem todas as situações são tão simples e nem todos os silogismos são corretos. Pode-se assumir como verdade, por exemplo, que onde morrem mais pessoas é menos seguro, mas nem por isso se pode afirmar que um hospital, onde morrem muitos, é menos seguro que um estádio de futebol, onde não morrem tantos. Concluir que um hospital é menos seguro que um estádio seria uma imbecilidade porque partiria de premissas equivocadas e da ignorância quanto a variáveis óbvias. Tratar-se-ia de um falso silogismo, ou como também se poderia dizer, de uma falácia.

As falácias, no entanto, nem sempre decorrem de simples ingenuidade. Podem ser, e na maioria das vezes são, fruto de má-fé. Eis o ponto a que quero chegar. Estamos presenciando em 2022, às véspera de um processo eleitoral, uma quantidade impressionante de falsos silogismos (falácias), com o nítido objetivo de desnortear o eleitor, desacreditar o processo eleitoral e, assim, deslegitimar o próprio processo eleitoral.

E aí vem a falácia mais perigosa: Toda afirmação deve vir acompanhada de provas e não há nenhuma prova de que não existam fraudes no processo eleitoral. Logo, deve haver fraudes no processo eleitoral. Ora, é óbvio que essa conclusão é ridícula. Se não há provas de que não existem fraudes no sistema eleitoral, muito menos há de que existam essas fraudes. Também nunca houve provas de que as urnas de lona eram confiáveis, aliás, pelo contrário, e, mesmo assim, nunca foram contestadas.

Mas, mesmo assim, há um séquito significativo do eleitorado ansioso para aderir a essa asneira. Não importa se faça sentido ou não. As estatísticas estão aí. Desde 1996 o processo eleitoral eletrônico transcorre sem maiores traumas, mas nem isso serve de argumento. Números, dados, informações, tudo conduz à conclusão de que não há vício em nossos instrumentos eleitorais, mas muitos preferem deixar tudo isso de lado para crer em vídeos aleatórios distribuídos pelo Whatsapp.

Falácias são divulgadas e aceitas porque têm serventia. Certamente uma má serventia. Nesse jogo de falácias deliberadas, quem perde é o processo democrático, que fica afastado da razão. Se falácias prevalecerem, os riscos serão grandes. Espero que não prevaleçam. O futuro do Brasil depende disso.

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